28/11/2010

Pastoreio

Autor: Albano Solheira

pastor

 

Sarrão de borrego a pender das costas,

Pastor de ovelhas e mil pensamentos.

Pastoreias rebanho desces as encostas

A Guardar do mundo os teus sentimentos.

 

As rugas do sol, vincam no teu rosto,

Sinais dos trabalhos passados na vida,

Fadiga aparente, corpo exausto na lida

Canseiras da vida que exige descanso

 

Olhos sentinelas sempre acostumados,

Lêem no poente o final da que espreita.

O dia que termina, atordoados sentidos,

Caminho rebanho, e a sorte tão estreita.

 

Um dia termia depois vem logo outro igual

Vida que vagueia num pasto sem fim.

Existência e rotina como o teu rebanho

Semelhante a do pastor que te deu a vida.

18/09/2010

15/09/2010

Paisagem

 

Dias virão e eu vou dizer

Não passei por aqui antes de hoje.

 

 

Neste sonho que permaneceu vivo

 

E que se apagou em cada instante.

 

O tempo fez partir as gentes que amei

 

 

Pensava que voltar as traria de volta,

 

Mas não mais as vi nem encontrei.

 

Resolvi também não retornar.

 

 

Apenas olho sem sair e voltar

 

O tempo distancia do quadro

 

Viajar do coração, paisagem.

Coisas de ti

Albano Solheira

 

Criança

Quisera saber o que sei para te contar

Quisera ter o que tenho para te dar

Quisera poder ser

Quisera poder estar

Para te abraçar

04

01/06/2010

Espelho frontal

Autor: Albano Solheira
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Crise...
Estou em crise, disse para mim mesmo
E fiquei a olhar o espelho tentando me reconhecer no reflexo.
Quem eu sou não é quem me aparece,
Tenho menos anos, sou mais jovem…

Olhei de novo de vários ângulos,
Fiz caretas e trejeitos.
Parei, ri, até que me cansei.,
Quase acreditei, que o menino
Que pensava que vivia,
Por detrás, de meu rosto, me sorria.

Mas não estava lá, nem mais existia.
Esse que agora me olha, sou eu, apenas eu,
Ali, cara a cara, olho no olho,
Sozinho a encarar quem eu sou,
Neste espelho frontal e profundo.
Um espasmo e susto gelou a garganta.

Deixo sair da expressão, um sorriso trocista,
Com desdém, como quem quer ignorar.
E limpo o espelho para me ver melhor.
Realidade, sou eu sim, eu me conheço.
O menino cresceu, conclui então,
Hoje sou este homem , ali na minha frente.

Menino os anos Passaram, convivemos juntos,
Hoje finalmente, ao me olhar no espelho
Vejo a mim mesmo, com gosto e verdade.

Seguro, digo Satisfeito: o tempo voou,
Eu fui quem eu sou, e é bem melhor assim.

Albano Solheira

02/05/2010

Outono

Autor: Albano Solheira
 Imagem do blog de Guilherme Sanches . Clique no link para ver artigo original

Nas folhas, as marcas do tempo,
Nas mãos, as das lidas da vida.
As folhas e os dias castanhos
Juntos no meio do campo.

Debaixo do castanheiro
Ao rebusco das castanhas
É outono na estação
E quase inverno na vida.

Tons tristes dos dias curtos
Luz que finda, o fim do dia,
Mas até nos tons cinzentos
A vida se expande e recria

Castanhas assadas, saborosas,
Doces frutos, que alegria.
Lareira acesa, casa quentinha,
E a roda da família na cozinha.

As risadas da netinha
Chamando de minha avó
Coram o rosto feliz
Que retribui num sorriso.

Fitando nas chamas do lume
As castanhas a assar
Lembra da primavera
E o frio logo, logo, vai passar.

01/05/2010

Volte sempre…

Autor: Albano Solheiraimage Volte sempre,
Curioso as placas dizerem isto.
Volte sempre…
Pra elas que ficam ali paradas, é fácil voltar, dali nunca saíram.
Eu acredito, que quem as faz não pensa nisso.
Menos ainda quem as manda fazer.
Volte sempre...
Paro pra pensar no que é voltar sempre,
E, no que as placas dizem a quem está só de passagem.
Voltar e sempre, são contraditórios.
Vivemos.

Albano Solheira

31/03/2010

A confissão

 
Hoje ao ouvir o toque da matraca,
Pensei em todos os meus pecados.
Padre, confesso, minha carne é fraca
Pintei e bordei por bons bocados.

Andei à tarde aos ninhos no canilhão
Joguei tiro-liro, bola, fito e ao pião
Aprontei ao botar algumas cacadas,
E sim, foram milhares de presepadas.

Foram altas artes, não nego, nem minto.
Na escola fui eu que espiei as raparigas
E que puxei o cabelo das mais crescidas
Sei, sou quase homem eu não desminto.

Fugi e esqueci minhas vacas no lameiro
Precisava ir com meus amigos a brincar
Sabe, não quero perder por ali o ano inteiro
Tenho que jogar a bola, ir, viver e aprontar.

Confesso tudo, mas daí-me logo a penitencia.
Já é tempo de correr e voltar pras brincadeiras!
Devo rezar um pai nosso, em cada dia? Paciência.
Tenho o Céu garantido quanto brinco nas eiras.

Albano Solheira

21/03/2010

19/02/2010

Ribeira das pombinhas

Lameiros na ribeira das pombinhas.  Foto: Luis Pardal
Ao andar por estes lameiros,
Encontro sentado perto da ribeira,
Um menino que brinca de sonhar.

Tem os pés dentro da água,
As mãos enfiadas na areia
Rosto enlevado a olhar o céu.

Fala sozinho num diálogo solto,
De aventuras, perigos, conquistas,
Planos mil para quando crescer.

Não me olha, nem se apercebe
Que cheguei e, fico a olhar,
Parado para ouvir o que diz.

Gesticula e faz desenhos no ar,
De batalhas, campanhas, vitórias,
Viagens, mares, navios piratas.

A coragem e a simplicidade
Fazem-se sorrir e participar
E sentar pra brincar também.

Os anos passam a idade não.

Albano Solheira

Fotos de Castelo Branco com neve

Fotos:  Carla Nunes
Para os que gostam de se encantar com Castelo Branco, a Carla Nunes, mandou uma coleténea de fotos que faz os olhos ficarem arregalados com tanta beleza e encanto.
Obrigado Carla!
Solar dos Pimenteis na neve
Escola Primária de Castelo Branco coberta de neve
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DSC02435 Casa grande com neve
Foto do trinangulo na entrada de Castelo Branco coberto de neve
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Mais fotos no portal de Castelo Banco
Siga o link:

10/01/2010

Mare Nostrum

Este mar que me encara nos olhos
Faz-me querer sair por ele na descoberta.

O vento, sopra, sussurra, grita
Rompe os ouvidos com palavras incertas
Notícias de outros rumos, marés abertas.

Navegante de areias a andar na  praia.
Quero antever o mar rasgado na quilha,
Imaginar os sulcos de espuma traçados
Deixados pra trás no finito do barco
Do ponto de partida ao ponto de chegada.

Fico a remoer idéias e possibilidades.
E a vontade de navegar enche-me as velas.

Caminho na areia em passos largos, profundos,
Como quem quer marcar com os pés o trajeto.
Rota segura, eu penso e, afundo os passos.
Para deixar as marcas que servirão na volta
Nesta trilha de mares navegados,
Mare nostrum.
E as ondas que chegam
Apagam tudo depois que passo
E voltam ao mar vezes sem fim.

Viro finalmente no fim da praia.
Quero rever a obra terminada,
Com o olhar de quem já alcançou o objetivo.
Demoro para entender,
Não sobraram as rotas que tracei,
As águas que naveguei, os momentos que vivi.
O mar apagou tudo, e o mundo por onde andei, 
Surgiu novo, como se fosse um desconhecido.

Corro enlouquecido atrás das ondas, grito e reclamo,
Culpo o mar, o céu, a areia, o infinito,
Todos cúmplices desta eterna roda maluca.
Estou furioso, mas respiro,
Sentado na areia, fico a olhar ondas a chegar
E aos poucos caio em mim.

A vida e o mar sempre diferentes
Mas isto é o bom de viver,
Um momento novo a cada instante.
Olho a areia e volto a navegar na praia em passos largos…

É ilusão a vida no pensar.
Viver é mergulhar, sentir, arriscar
Cair nas ondas…

Experimentar…

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